Módulo II



Monet – Pintor Braille



As tecnologias são a pedra de toque para a integração do cidadão deficiente. Maravilhosos “softwares” e “hardwares” fazem parte integrante do seu dia a dia, permitindo-lhe realizar um número infinito de tarefas. O aparecimento das novas tecnologias permitiu ao deficiente visual “conectar-se” ao mundo do conhecimento. Esta evolução tecnológica surpreende-nos diariamente, abrindo novos horizontes, derrubando barreiras e possibilitando às pessoas com limitações físicas realizar tarefas que anteriormente não lhes eram acessíveis.


Em particular, os deficientes visuais viram nas novas tecnologias uma forma de integração, revolucionando para sempre o seu mundo. A máquina de escrever Braille transformou-se num portátil com linha Braille ou com sintetizador de voz; as estantes repletas com “meia dúzia” de obras em Braille deram lugar ao leitor de mp3 com “toneladas de livros”.

 Ao nível da imagem ainda muito falta fazer. Existe tecnologia a ser desenvolvida que permitirá a sua leitura futura, observam-se sítios na internet que se preocupam em acompanhá-las com descrições, tanto escritas como em áudio. Mas a imagem ainda é um imenso obstáculo que é necessário ultrapassar.


O problema da imagem está presente no meu dia a dia. Trabalhando com alunos cegos, deparo-me diariamente com manuais escolares que têm em muitas das suas páginas braille as palavras: “figura suprimida”. O aluno cego não tem acesso à totalidade da informação que um manual a tinta fornece aos seus colegas normovisuais. É necessário transformar essa imagem em “mil palavras” ou elaborar materiais em relevo. Tendo por base a ultrapassagem deste obstáculo, procurei, entre as opções fornecidas na literatura deste módulo, um software que procurasse colmatar esta lacuna e escolhi o programa Monet que transforma imagens, tabelas, gráficos, etc. em objetos passíveis de serem impressos em braille (os autores do programa chamam a este processo “Brailizar”).


O Monet permite, com pouco trabalho, transformar as imagens suprimidas nos manuais em imagens “Brailizadas”, acessíveis aos alunos com problemas visuais. Tal como todos os programas, apresenta limitações, mas é um auxiliar importante para o professor de Educação Especial e não só.
  
Como encontrar e trabalhar com programa?

O link existente na página do módulo para baixar o programa não funciona, nem todos os outros existentes quando fazemos uma procura nos diversos motores de busca. Por fim, encontrei a página do Instituo Benjamim Constant, onde é possível aceder a este software livre (link para a página onde se encontra o programa Monet).


O programa é bastante intuitivo e fácil de utilizar, trabalhando com camadas (tal como o ActiveInspire, photoshop, etc.), assemelhando-se, em parte, ao Paint da Microsoft.


Na imagem seguinte podemos ver o layout do programa e um par de imagens (um clipart à esquerda e o mesmo clipart, mas “Brailizado”). A ferramenta “Mão Livre"
Ferramenta Mão Livre
permite a retocar a imagem, salientando alguns dos seus pormenores.
Layout do programa Monet


Para o programa Monet poder funcionar basta extrair a pasta zipada e clicar no ficheiro - GraficosTateis.jar (link para a página que explica o procedimento).


Qualquer usuário que necessite de trabalhar com o programa pode visualizar diversos vídeos no youtube, onde é explicado de forma simples o seu funcionamento (link para video).


As imagens criadas pelo Monet podem também ser introduzidas em textos Braille utilizando o programa Braille Fácil (programa para produção de Braille).


Procurarei futuramente aprofundar o trabalho com este programa e verificar mais detalhadamente as suas potencialidades, colocando aqui as conclusões a que for chegando. Toda a comunidade que conheça e tenha trabalhado com o software pode enriquecer o conteúdo deste texto, relatando a sua experiência.

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Comentário

As novas tecnologias têm ajudado, de forma clara, na integração das pessoas com algum tipo de limitação. Esta tendência tem-se acentuado neste século. Todos os dias conhecemos novos softwares e novos hardwares que ajudam a transpor barreiras.
A velocidade com que se criam novas ferramentas leva-me a pensar que futuramente a única barreira a ultrapassar será a mentalidade.
Por outro lado, esta velocidade deixa-me um pouco apreensivo e desconfiado sobre a qualidade de muitos dos avanços que têm sido anunciados. É necessário dar tempo para que novas aplicações, programas, hardwares sejam testados e para que se verifique se na prática são rentáveis. A adaptação a uma nova tecnologia requer tempo e, por vezes, ainda está a ser testada e já está a lançar-se uma nova versão que não se coaduna com a anterior, tendo de ser novamente iniciado todo o processo de adaptação.
Também acontece a resistência à mudança. Por vezes ficar-se ligado ao passado não ajuda na aquisição de novos conhecimentos e na transposição de barreiras. Em particular, alguns professores ficam agarrados ao passado e não se atualizam, prejudicando os seus alunos.
3 de Maio de 2014 às 17:08