Monet – Pintor Braille
As
tecnologias são a pedra de toque para a integração do cidadão deficiente.
Maravilhosos “softwares” e “hardwares” fazem parte integrante do seu dia a dia,
permitindo-lhe realizar um número infinito de tarefas. O aparecimento das novas
tecnologias permitiu ao deficiente visual “conectar-se” ao mundo do
conhecimento. Esta evolução tecnológica surpreende-nos diariamente, abrindo
novos horizontes, derrubando barreiras e possibilitando às pessoas com
limitações físicas realizar tarefas que anteriormente não lhes eram acessíveis.
Em
particular, os deficientes visuais viram nas novas tecnologias uma forma de
integração, revolucionando para sempre o seu mundo. A máquina de escrever
Braille transformou-se num portátil com linha Braille ou com sintetizador de
voz; as estantes repletas com “meia dúzia” de obras em Braille deram lugar ao
leitor de mp3 com “toneladas de livros”.
Ao nível
da imagem ainda muito falta fazer. Existe tecnologia a ser desenvolvida que
permitirá a sua leitura futura, observam-se sítios na internet que se preocupam
em acompanhá-las com descrições, tanto escritas como em áudio. Mas a imagem
ainda é um imenso obstáculo que é necessário ultrapassar.
O
problema da imagem está presente no meu dia a dia. Trabalhando com alunos
cegos, deparo-me diariamente com manuais escolares que têm em muitas das suas
páginas braille as palavras: “figura suprimida”. O aluno cego não tem acesso à
totalidade da informação que um manual a tinta fornece aos seus colegas
normovisuais. É necessário transformar essa imagem em “mil palavras” ou
elaborar materiais em relevo. Tendo por base a ultrapassagem deste obstáculo,
procurei, entre as opções fornecidas na literatura deste módulo, um software
que procurasse colmatar esta lacuna e escolhi o programa Monet que transforma
imagens, tabelas, gráficos, etc. em objetos passíveis de serem impressos em
braille (os autores do programa chamam a este processo “Brailizar”).
O Monet
permite, com pouco trabalho, transformar as imagens suprimidas nos manuais em
imagens “Brailizadas”, acessíveis aos alunos com problemas visuais. Tal como
todos os programas, apresenta limitações, mas é um auxiliar importante para o
professor de Educação Especial e não só.
Como
encontrar e trabalhar com programa?
O link
existente na página do módulo para baixar o programa não funciona, nem todos os
outros existentes quando fazemos uma procura nos diversos motores de busca. Por
fim, encontrei a página do Instituo Benjamim Constant, onde é possível aceder a
este software livre (link para a página onde se encontra o programa Monet).
O
programa é bastante intuitivo e fácil de utilizar, trabalhando com camadas (tal
como o ActiveInspire, photoshop, etc.), assemelhando-se, em parte, ao Paint da
Microsoft.
Na
imagem seguinte podemos ver o layout do programa e um par de imagens (um
clipart à esquerda e o mesmo clipart, mas “Brailizado”). A ferramenta “Mão Livre"
permite a retocar a imagem, salientando alguns dos seus pormenores.
permite a retocar a imagem, salientando alguns dos seus pormenores.
Para o
programa Monet poder funcionar basta extrair a pasta zipada e clicar no
ficheiro - GraficosTateis.jar (link para a página que explica o procedimento).
Qualquer
usuário que necessite de trabalhar com o programa pode visualizar diversos
vídeos no youtube, onde é explicado de forma simples o seu funcionamento (link para video).
As
imagens criadas pelo Monet podem também ser introduzidas em textos Braille
utilizando o programa Braille Fácil (programa para produção de Braille).
Procurarei
futuramente aprofundar o trabalho com este programa e verificar mais
detalhadamente as suas potencialidades, colocando aqui as conclusões a que for
chegando. Toda a comunidade que conheça e tenha trabalhado com o software pode
enriquecer o conteúdo deste texto, relatando a sua experiência.
Comentário
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Comentário
As novas tecnologias têm ajudado, de forma clara, na integração das pessoas com algum tipo de limitação. Esta tendência tem-se acentuado neste século. Todos os dias conhecemos novos softwares e novos hardwares que ajudam a transpor barreiras.
A velocidade com que se criam novas ferramentas leva-me a pensar que futuramente a única barreira a ultrapassar será a mentalidade.
Por outro lado, esta velocidade deixa-me um pouco apreensivo e desconfiado sobre a qualidade de muitos dos avanços que têm sido anunciados. É necessário dar tempo para que novas aplicações, programas, hardwares sejam testados e para que se verifique se na prática são rentáveis. A adaptação a uma nova tecnologia requer tempo e, por vezes, ainda está a ser testada e já está a lançar-se uma nova versão que não se coaduna com a anterior, tendo de ser novamente iniciado todo o processo de adaptação.
Também acontece a resistência à mudança. Por vezes ficar-se ligado ao passado não ajuda na aquisição de novos conhecimentos e na transposição de barreiras. Em particular, alguns professores ficam agarrados ao passado e não se atualizam, prejudicando os seus alunos.
3 de Maio de 2014 às 17:08